EZA MAGAZINE
EZA PODCAST

Promoção e integração de imigrantes e refugiados na sociedade e no mercado de trabalho da União Europeia

De 22 até 24 de fevereiro de 2019 realizou-se em Paris um seminário sobre o tema "Promoção e integração de imigrantes e refugiados na sociedade e no mercado de trabalho da União Europeia", organizado pela FIDESTRA (Associação para a Formação, Investigação e Desenvolvimento Social dos Trabalhadores), em cooperação com o IPCM (Plataforma Internacional para a Cooperação e Migração. O seminário foi apoiado pela EZA e pela União Europeia.

Hoje, os movimentos migratórios são uma realidade incontestável e incontornável, sendo a Europa, uma das regiões do mundo que recebe mais imigrantes.

A globalização, as novas tecnologias, as próprias redes sociais permitem novos tipos de relacionamentos que fomentam as migrações. Neste contexto de globalização, ganhou-se o direito de “ir”, mas nem sempre o direito de “ficar”.

Nos países de acolhimento, a integração começa a constituir um problema, a radicalização de imigrantes intensifica-se, o surgimento de partidos políticos e movimentos xenófobos entre a população nativa, aumenta.

Analisar a forma como os países membros da União Europeia podem desenvolver estratégias para enfrentar esta realidade migratória, enfrentando os desafios que vêm tanto da posição europeia em matéria de imigração como da situação dos imigrantes que já residem nos países de origem, é uma prioridade.

Por isso importa projetar linhas de ação que vão desde a receção de novos imigrantes, de refugiados, ou dos que que já são residentes/trabalhadores nos países de acolhimento.

Esses fatos tornam os movimentos migratórios numa questão que deve ser analisada em detalhe, para encontrar propostas de abordagem e soluções capazes de lidar com esta nova realidade e também capazes de configurar políticas de migração de integração, sem conflito social, mantendo a segurança nas sociedades de acolhimento europeias.

Em suma, procurar as melhores fórmulas de convivência, baseada no respeito do ser humano, do que chega e do que está, na legalidade da sociedade de acolhimento e na liberdade das pessoas, constituiu o eixo deste Seminário Internacional, realizado em Paris, de 21 a 23 de fevereiro de 2019, organizado pela FIDESTRA - Associação para a Formação, Investigação e Desenvolvimento Social dos Trabalhadores - em colaboração com PICM – Plataforma Internacional de Cooperação e Migração, EZA – Centro Europeu para os Assuntos dos Trabalhadores e o apoio financeiro da União Europeia, subordinado ao tema:

   “A PROMOÇÃO DO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO SOCIO LABORAL DE IMIGRANTES E REFUGIADOS NA UNIÃO EUROPEIA”

Desenvolvimento do programa/Seminário

Para dar resposta aos objetivos propostos, o seminário internacional, contou com 52 representantes das organizações de trabalhadores, de 13 países europeus – Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia, Bulgária, Hungria, Polónia, Roménia, Lituânia, Holanda, Bélgica e Alemanha.

O programa permitiu aos participantes do seminário refletir sobre a importância do fortalecimento das políticas de inclusão laboral - considerando que o emprego é um dos principais elementos que permitem a integração – permitiu conhecer projetos de integração socio laboral, que estão a ser implementados nos diferentes países da Europa, Identificar os problemas comuns ou individuais que existem neste espaço comum, assim como apontar abordagens de integração e apresentar algumas propostas que visam promover o processo de integração socio laboral de migrantes e refugiados.

O Espaço de debate e partilha criado nestes dois dias de trabalho, que envolveu testemunhos de imigrantes, alertou também o poder político - posição pertinente, quando se tem as Eleições Europeias à porta – para a importância desta questão dos movimentos migratórios, na construção de uma Europa Social, mais justa e coesa.

O Seminário foi aberto à Comunicação Social, procurando assim divulgar a mensagem e criar um efeito multiplicador.

Da discussão dos temas, salientemos os problemas identificados, e as soluções/projetos em curso:

“A integração socio laboral dos migrantes, como um meio de fomentar o Diálogo Social Europeu”

O direito ao trabalho é uma condição essencial para o exercício de uma vida digna. Uma política de acolhimento que inclua o direito ao trabalho, previne por um lado, a exclusão na sociedade de acolhimento e por outro facilita a reintegração, no retorno, que cada um anseia, ao seu país de origem.

A ideia foi transversal, a todas as organizações de trabalhadores e participantes/oradores presentes. Sem esquecer o diálogo social provou ser um instrumento muito útil para promover políticas de trabalho concretas que permitam reduzir o fosso nos níveis de emprego entre a população europeia e a população imigrante. estrangeira.

Fomentar o diálogo social europeu é exercer a solidariedade!

“Como fomentar o acolhimento dos imigrantes, que chegam à Europa por diversos objetivos migratórios, para favorecer o processo de integração nos países de

acolhimento.” Exemplos Nacionais que fomentam o Diálogo Social Europeu

Nesta mesa redonda, 3 países – Bélgica, Grécia e Alemanha, apresentaram exemplos nacionais que fomentam o Diálogo Social Europeu, salientando-se como problemas comuns:

_ A ausência de formação em alguns trabalhos que os imigrantes exercem;

_ O Desconhecimento do idioma do país de acolhimento e consequentemente a incapacidade de conhecer os direitos laborais e sociais;

_ A exploração laboral a que estão sujeitos, em particular em sectores como a agricultura e o apoio domiciliário – um filão de emprego de mão de obra estrangeiras, em alguns países da europa;

_ O encerramento das suas fronteiras. Perguntando o representante Grego; - Onde está a solidariedade entre os países?

Projetos/ações / recomendações para dar respostas aos problemas identificados:

_ Bélgica - FAMILIEHULP – Projeto desenvolvido na Flandres e em Bruxelas início de 2017 “Nós acreditamos que ter um emprego é a melhor forma de integrar as pessoas”.

_ dar formação nas áreas de apoio domiciliário a pessoas com demência, serviços de limpeza direcionados para idosos. Profissões de extrema importância para a sociedade face à falta de cuidadores formais, esta pode ser uma opção para os migrantes que procuram trabalho.

_ aumentar as formações de línguas, pois ajudam a diminuir as lacunas ao nível da comunicação e assim permitir uma melhor integração e também melhorar os serviços prestados pelos profissionais às pessoas idosas por exemplo;

_ Desenhar estratégias inovadoras – criação de websites, brochuras usando ferramentas do “storytelling” com a colaboração de estudantes de jornalismo;

_ Desenvolver um modelo “influenciar perceção” em 8 níveis: começar por questionar os migrantes se pretendem trabalhar nas áreas dos cuidados, se a resposta for afirmativa, nomeamos um voluntário que vai funcionar como “buddy” e ajudar nesta primeira fase de integração, desenvolvendo uma relação empática, desenvolver competências de comunicação e acima de tudo fazendo com que a pessoa não se sinta sozinha neste processo.

Grécia - DAKE “muitas pessoas na Grécia não têm noção da real dimensão da crise migratória. Desde o início de 2015 cerca de 1.8 milhões de pessoas atravessaram a fronteira entre a Turquia e Grécia.”

Ações: O Instituto do trabalho grego criou dois programas para lidar com esta situação:

“I-Ref-SOS” – dirigido a jovens refugiados, para trabalhar as suas competências de comunicação na língua local;

“Bridges” – é um guia e também uma plataforma online que permite aprender sobre as várias civilizações europeias.

Preparam ainda dois novos programas para trabalharem, por um lado, o conhecimento sobre a cultura europeia dirigido para os migrantes que chegam á Grécia, e por outro lado um programa dirigido à comunidade local para conhecerem e compreenderem a cultura dos migrantes e refugiados que chegam ao nosso país.

Alemanha - NHB – “Através da nossa organização, tentamos ajudar os trabalhadores estrangeiros que estão em situações complicadas ou mesmo de “exploração”, no entanto têm tido dificuldade em participar nas formações de capacitação que propomos, pois trabalham demasiadas horas.”

Para dar resposta a esta situação, agiram e criaram o “Projeto de autoajuda” Ações: A possibilidade de terem aulas de Alemão, é uma importante ferramenta para a sua integração e defesa dos seus direitos como trabalhadores para além de         conseguirem também perceber que trabalho está contratualizado e desempenhar melhor as suas funções.

Fazemos esforços para fazer chegar a informação útil aos locais que estes trabalhadores, principalmente, mulheres cuidadoras formais, através de ações nas igrejas, supermercados, etc. Conseguimos até agora envolver 120 cuidadoras oriundas de países de leste, através de cursos de alemão (lecionados durante a hora de almoço), reflexão sobre as condições de vida, capacitação para as funções que desempenham, informação sobre direitos do trabalhador.

“A integração socio-laboral dos migrantes, normalização dos direitos laborais, sistemas de proteção social e serviços públicos nos países de acolhimento” - o exemplo Francês

Na Conferência de Abertura da tarde de sexta-feira, Joseph Thouvenel, do CFTC e Vice-Presidente do EZA na sua intervenção abordou o tema da integração dos migrantes referindo “existe um dever de solidariedade para os integrar. Contudo é necessário saber como os migrantes entraram em França, se de uma forma legal ou ilegal, algo fundamental para que se saiba quem vamos apoiar.

Quando se aborda a questão do apoio aos migrantes o primeiro gesto é sempre um gesto humanitário.

Os migrantes devem ficar cientes que quando existem direitos, também existem deveres. Todo o migrante que vem para França deve respeitar a cultura e as regras da sociedade francesa, essencial para que a integração possa acontecer. Doutra forma nunca se verificará uma verdadeira integração.

Quem não aceitar estas condições terá que se lhes dizer que não poderão integrar a sociedade francesa. Valores como a igualdade entre homens e mulheres são essenciais serem respeitados e  como sabem isso não acontece  em muitas sociedades, pelo que os migrantes que não aceitam esta ou outras regras e valores da sociedade francesa não são bem-vindos. É como se diz “em Roma ser romano, em França ser francês.”

E na Europa, sê Europeu. É uma mensagem importante a replicar.

“Implementar medidas que sejam eficazes na integração dos migrantes, seja ao nível do conhecimento da língua francesa, seja na formação profissional, seja no conhecimento da sociedade francesa, condições importantes para que se faça uma verdadeira integração social dos migrantes.”

“Exemplos de integração social e laboral alcançada por migrantes, dinamismo de migrantes empreendedores, uma ferramenta para o Diálogo Social Europeu”

Nesta mesa redonda, participaram 3 imigrantes Portugueses, radicados em França, desde longa data, que na primeira pessoa identificaram as dificuldades sentidas no momento da chegada, descrevendo o seu processo de integração.

_ O idioma é o primeiro problema apontado.

_ O desenraizamento, chegar ao desconhecido é outra dificuldade.

_ Muitas vezes somado à ausência de trabalho, com contrato e enquadramento legal.

Superar estas barreiras é fundamental. Para isso é necessário a aprendizagem do idioma.

Estar legal no país de entrada, pois só assim se alcança um contrato de trabalho. O associativismo e a importância das associações de imigrantes, neste caso lusófonas, é muito importante para promover a integração social.

Sobre a possibilidade de retornar ao país, levantou-se a questão:

_ “Os nossos filhos, são nascidos em solo Francês, são franceses, falam perfeitamente o idioma, já esqueceram ou nem chegaram a dominar o português, têm emprego estável e alguns já constituíram família francesa.

Regressar e transformar os meus filhos em imigrantes, em Portugal?” Esta questão deve ser ponderada pela Europa e pelos países de envio, quando se avalia o retorno a médio ou longo prazo, com os atuais imigrantes.

E esta questão leva desde logo à necessidade, da parte dos países de envio, de repensar a necessidade de reforçar, a aprendizagem dos idiomas de origem, nos países de acolhimento, em particular para as segundas gerações de imigrantes. Sem esse primeiro passo, dificilmente haverá retorno.

“Mecanismos de coordenação e atuação para acolhimento de Refugiados e dos migrantes em situação de risco de exclusão social e promoção da inclusão na sociedade de acolhimento”

A conferência de encerramento, deste primeiro dia de trabalhos, ficou a cargo da PAR – Plataforma de Apoio aos Refugiados.

Nestes acelerados e vertiginosos movimentos migratórios, vividos na Europa, a imprecisão linguística é um erro crasso.

Falamos de migrantes, de trabalhadores comunitários em mobilidade laboral e de refugiados, sem diferenciar as causas e consequências destes diferentes movimentos.

Foi neste sentido de clarificação de conceitos, porque exigem respostas diferenciadas, que a FIDESTRA e a PICM, convidaram um representante da PAR. Mário Rui André explicitou:

_ Refugiados - são pessoas que precisam de sair do seu país por medo de serem perseguidos, por sentirem a sua vida em risco, por algum motivo, seja religioso, político, associado ao clima.

Imigrantes – pessoas que mudam de país à procura de melhores oportunidades. Existem mecanismos para acolher e integrar refugiados através de mecanismos de coordenação: Internacional, Europeu e Nacional/regional/local;

_ Mecanismos dos países de partida ou de transição e dos Países de acolhimento. Estratégias nacionais - Coordenar as portas de  entrada, a segurança,  e o acolhimento institucional.

Porta de entrada – administração interna/SEF – coordena procedimentos burocráticos relativos ao estatuto de refugiado, SGMAI – coordena acolhimento institucional e centros de transição.

Vantagens: facilita as condições das famílias e competências de cada um a nível laboral. Desvantagens: pode tornar-se uma resposta de longo prazo, potenciando as dificuldades de integração nas comunidades locais;

A coordenação regional e local – visa a integração nas comunidades locais – é necessária uma boa gestão de recursos, descentralização e envolvimento do poder local;

Acolhimento nas comunidades: - autarquias/rede social e territorial (Cáritas, UMP, Cnis, JRS) para dar resposta à crise mundial de refugiados. As comunidades locais têm facilitadores que ajudam no processo de integração;

Em Portugal:

Foram abrangidos 33 municípios, existindo uma variabilidade de financiamento entre autarquias. Em relação ao ensino foram abrangidos 19 estabelecimentos. Quanto ao programa de recolocação da EU, 45.895, refugiados foram acolhidos na EU, destes 1.674 em Portugal.

Em relação aos dados da PAR, foram apoiadas 144 famílias – 676 pessoas, com o apoio de 92 instituições anfitriãs.

Que aprendizagens/propostas:

- ponderação política

– consolidar o papel das autarquias,

_ envolver as empresas,

_ clarificar o papel das organizações da sociedade civil;

_ critérios do FAMI mais congruentes e com mais clareza no que diz respeito às estratégias de políticas integradas.

“Em termos de acolhimento deverá ouvir-se da parte dos refugiados o que não correu bem, se eles não forem ouvidos continuamos a cometer os mesmo

erros.”

“A Importância de reforçar as políticas de inclusão laboral, como um meio de inclusão social. Exemplos Nacionais que fomentam o diálogo Social, o papel dos sindicatos e das

organizações de trabalhadores”

Na conferência de abertura do sábado, representantes de 3 grandes sindicatos europeus, de países com visões e posturas diferentes face às migrações abriram o dia de trabalho

_ Bulgária - PODKREPA

“Construir muros, isolar, tentar evitar a imigração, a longo prazo será inútil. Hoje, a Grande Muralha da China é um lugar turístico!

A Bulgária está na linha de frente, é a fronteira externa do sul da Europa, fronteira com a Turquia”. Veselin Mitov – Vice-Presidente de EZA

Estratégias sindicais que estão a ser realizadas:

_ entrar em contato com aqueles que saem para que eles possam entrar em contato com outros sindicatos, de modo a não quebrar o vínculo com a Bulgária, resolver seus problemas diários, como o da habitação por exemplo. Só o fazem com trabalhadores que residem legalmente nos países de acolhimento, prestam assistência através de redes sindicais.

Mas há 30% provisoriamente, irregularmente nos mercados de trabalho.

_ criar sinergias com todas as agências governamentais, agências de emprego, inspeção do trabalho, empregadores, outros sindicatos, redes de ajuda mútua com ONGs ...

_ Orientação profissional - A formação é o recurso fundamental para a integração dos imigrantes. Um exemplo de um programa bem-sucedido é o Fairmobility, trabalhando com povo búlgaro na Alemanha, através de ações de sensibilização para os direitos dos trabalhadores, folhetos informativos,  aprendizagem  do idioma e acessória jurídica e laboral, no idioma de origem.

_lançar campanhas que lutam contra o racismo, a xenofobia que se manifesta em muitos países da Europa Ocidental.

_ ajudar a reduzir a burocracia, tentando reduzir o tempo de resolução, para ter as suas competências reconhecidas.

_criação de Políticas em colaboração com o sindicato dos países de acolhimento, quer para aumentar as suas capacidades, melhoria das habilidades para responder aos trabalhos que são solicitados no país anfitrião

Hungria -MOSZ - imigração dos países vizinhos e  os problemas que  eles representam:

“A estranha situação política na Ucrânia tem como consequência uma imigração que chegou à Hungria e que teve um impacto negativo.”

Os sindicatos têm um problema, uma vez que essas pessoas são contratadas por agências e, portanto, estão numa situação especial, com status legal diferente do resto dos trabalhadores.

Os trabalhadores imigrantes dependem destas agências, os trabalhadores húngaros têm contratos de melhor qualidade.

As Agências de emprego operam com padrões diferentes e com os piores contratos, sendo que os problemas como as barreiras linguísticas, levam também a que os imigrantes tenham medo de expulsão para o seu país.

_ O triângulo empregador, agências e trabalhador, é uma estrutura complexa, com menos tendência ou inclinação para defender seus direitos, ter segurança mínima.

É difícil gerir todos esses trabalhadores no mercado de trabalho húngaro. Eles operam como uma rede nacional com personalidade jurídica, têm 100 advogados trabalhistas. São contratos temporários, o medo, destes trabalhadores, não os deixa denunciar as situações de precariedade laboral.

“Este é um Problema para a Hungria e para toda a UE, como se vai resolver o problema destas pessoas que estão numa situação tão frágil?

Em relação à Postura do governo húngaro face à imigração: Todos sabem o que existe no momento, cercas nas fronteiras, mas é o único governo europeu que criou uma estrutura para ajudar os cristãos perseguidos em tempos de crise.”

Polónia -NSZZ "Solidarność

“A questão das migrações é um processo complexo e complicado, na Polónia “, mas sabemos que a melhor maneira de integrar uma pessoa, é dar trabalho. E neste processo, os sindicatos têm um papel fundamental” Jozef Mozolewski Vice-Presidente de EZA

A Polónia tem mais de 11 milhões (M) de emigrantes, dos quais 2,5 milhões são pessoas altamente qualificadas, e somente em França são 1 milhão.

Mas por outro lado convêm não esquecer e realçar, que em 2018 o número de ucranianos na Polónia que trabalham, são 3 milhões, legais, registados - os números da economia submersa, são desconhecidos.

Os imigrantes não chegam sozinhos, vem a família. Hoje 21.000 crianças estrangeiras estão no sistema educativo Polaco, desde a creche até a universidade.

_Solidarnoscz tentou realizar um acompanhamento, uma monitorização, dos polacos que imigraram e assim tentar perceber em que condições vivem.

Por outro lado, os cidadãos que chegam de outros países para encontrar trabalho na Polónia não estão interessados na afiliação ao sindicato, muitas vezes sentem medo que isso lhes seja prejudicial. Através de uma importante iniciativa a _ Solidarnoscz conseguiu ver aprovada a Lei que permite que os migrantes possam ser filiados a um sindicato, sempre que estejam em situação legal, no país e mercado de trabalho.

Uma vitoria legislativa, mas não tão eficaz, no terreno.

Importante e obrigatório para os sindicatos – Conseguir consagrar o direito à mesma remuneração de um trabalhador polaco ou de um ucraniano que fazem o mesmo trabalho. Os cidadãos estrangeiros não devem ser excluídos da legislação laboral em vigor.

Esta conferência demonstra que a Europa, tem ritmos e posturas, face aos movimentos migratórios, bem diferentes, resultado dos poderes políticos do momento e em cada país.

No entanto, também se deve realçar, a importância de ter nesta rede EZA, estruturas de representantes de trabalhadores, que ajudam e contribuem, nos seus países, a atenuar posturas mais extremadas, face aos movimentos migratórios, assim como a capacidade e o papel fundamental que os sindicatos estão a desenvolver para  implementar medidas que favoreçam a integração no mercado de trabalho, da população imigrante.

“A Importância da participação dos imigrantes na esfera pública, como meio de plena integração na sociedade de acolhimento”

A integração plena dos migrantes, passa pela capacidade de participar e intervir na esfera pública, tal como qualquer cidadão do país de acolhimento.

Na conferência de encerramento, procedeu-se à análise das medidas eficazes para promover a integração cívica de imigrantes e refugiados, de acordo com os princípios desenvolvidos pela União Europeia, tendo como eixo central a participação dos imigrantes na esfera pública, na qual eles têm um papel ativo, como um cidadão, com direitos e deveres iguais.

“ O diálogo social tem-se revelado como um instrumento indispensável  para promover políticas concretas de integração socio laboral dos migrantes.” salientou Hermano Sanches Ruivo, um imigrante de segunda geração, atualmente, Vereador da Câmara Municipal de Paris - Conseiller-délégué dos Assuntos Europeus.

Saliente-se ainda a importância que podem e devem ter os Deputados Nacionais, eleitos pelos círculos da emigração. Eles são o rosto do país de envio, os interlocutores dos imigrantes, na definição das políticas nacionais de emigração. Portugal é um bom exemplo, atendendo a que tem no seu Parlamento Nacional, 4 deputados eleitos pelo circulo da emigração. (Eleitos pela comunidade emigrante portuguesa)

Carlos Alberto Gonçalves - Vice-Presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas - Deputado - Círculo Eleitoral da Europa, reforçou esta questão da legitimidade de representação.

Numa visão global, sobre os movimentos migratórios, no geral e na Europa em particular, Pedro Mota Soares, da Comissão de Assuntos Europeus [Coordenador GP] – Deputado Nacional Português e candidato às próximas Eleições ao Parlamento Europeu,salientou : “ estamos perante uma crise migratória e política, com o acordo de Shengen a ser posto em causa e com partidos extremistas a ganharem terreno.”

Salientou que o acordo de Shengen é extremamente importante foi um grande avanço e que não está disponível para apoiar o seu cancelamento, isso seria apoiar uma Europa fechada, de barreiras, o que defendemos é uma Europa aberta.

Aberta, mas com segurança e Paz.

A melhor forma de lidar com ameaças não é fechar portas é criar mecanismos de cooperação, serviços de segurança a partilharem informações, etc

Salientem-se as palavras do Presidente da Comissão Europeia - “A Europa já não tem fronteiras monetárias. A única fronteira é a externa.

É dessa que temos de cuidar.”

Da Sessão de Abertura e Encerramento salientemos:

Piergiorgio Sciacqua – Co Presidente de EZA e 1º Vice Presidente de PICM

“Os muros não são solução. Temos que procurar soluções globais e não individuais. As soluções partem de uma partilha de problemas e da capacidade de encontrar soluções. Não podemos negar o problema global da injustiça social com uma distribuição de recursos básicos tão diferente. É uma repartição injusta.“

Uma das respostas , para se tornar solução, é apostar na educação para uma cidadania.

Esta é a chave para superar o desafio da convivência entre pessoas de diferentes origens, religião, língua, cultura, etc. aproveitando a riqueza que a diversidade cultural nos traz pleno potencial e que trará o futuro europeu.

Foi ainda reforçada a ideia de concretizar um trabalho político,que deve ser levado acabo pelas nossas organizações : “A dois meses das eleições para o Parlamento Europeu, há diversas decisões e formas de ver os problemas. Umas a favor e outras contra. Temos de reforçar o trabalho a nível do EZA, para conseguir o máximo de empregos para prosseguir com a importância da globalização.

E importa não esquecer que a solidariedade europeia se tem de manter e aprofundar; países como Itália e Grécia estarem a ser deixados muito sozinhos.”

Resultados do Seminário, resoluções e pistas de abordagem futura:

_ Os participantes do seminário refletiram sobre a importância do reforço das políticas de inclusão laboral, uma vez que o emprego é um dos principais elementos que permitem a integração.

Consequências/implicações no trabalho diários das organizações de trabalhadores e nos participantes do Seminário:

_ Da apresentação da situação concreta dos países e da partilha de experiências de projetos em curso, é possível desenvolver estratégias para lidar com a situação das migrações. Cada organização participante tem instrumentos capazes para poder replicar alguns projetos, nos seus países ou regiões.

Aplicação dos Resultados

_ O esclarecimento e a informação correta sobre o tema, fundamental para gerar segurança nos cidadãos europeus e desconstruir mitos e falsas ideias sobre os movimentos migratórios, foi assegurada pelas intervenções dos palestrantes, nas respetivas conferencias de abertura.

_ Os participantes e as organizações de trabalhadores presentes devem, nos seus países, em particular junto dos segmentos mais fechados a uma política de imigração comum para a Europa, utilizar os dados recolhidos, para influenciar o poder político, e a opinião publica em geral.

Efeito multiplicador

- Foi alcançado, no impacto que o seminário internacional, produziu nos meios de comunicação social, ( ver revista de imprensa em anexo), podendo assim afirmar que a mensagem não ficou reduzida aos participantes, mas saiu “além fronteiras”. Hoje em dia, devemos ter consciência que os Órgãos de Comunicação Social e as redes sociais, são um potente veículo de informação, um transmissor de mensagem, ao alcance de um “clic”.